Era a última crônica de um livro dedicado a este tipo de literatura. Pequenina e grávida de muitas idéias. Do Rubem Braga. O titulo da crônica era “A Outra Noite”. Conta a historia de uma pessoa que viajara para São Paulo e voltara ao Rio na noite daquele mesmo dia. Tanto em uma cidade quanto na outra o tempo era o mesmo. Chuva e densas nuvens enfeando tudo aqui em baixo. Ele, na volta, do avião, pôde contemplar uma cena vedada àqueles que estavam em terra. Enquanto aqui em baixo tudo era penumbra e alagamentos, para além das nuvens podia ser visto um lindo e poético luar emoldurado num maravilhoso céu estrelado.
Do aeroporto para casa deu carona em “seu” táxi a um amigo. Enquanto faziam o percurso conversavam sobre a bela noite de luar lá em cima, para alem das nuvens. Quando chegou ao destino do amigo este desceu do carro, se despediram e ele continuou viagem. Foi aí que entrou na história, o taxista. Pedindo desculpas por ter estado atento ao diálogo dos passageiros, quis saber se, de fato, existia mesmo um céu limpo abrigando uma noite enluarada lá em cima. Diante da resposta positiva, veio aquele ar de espanto e gratidão estranhos a quem já se acostumara a tais cenas. No destino, após o devido pagamento da corrida, aquele taxista dispensa um “boa noite” e prontamente completa com um “muito obrigado ao senhor”. Palavras que bem poderiam ser de praxe se não fosse aquele olhar brilhante de quem descobrira algo precioso.
Assim que terminei a leitura me dei conta de que estava diante da mais pura expressão de evangelho que já ouvira nos últimos dias. A boa notícia do Cristo é mais ou menos assim. Alguém que veio lá “de cima” pegou carona em nossa nave terrestre pra nos dizer que por trás dessa realidade marcada por violência, corrupção e desencantos existe outra onde a tônica é paz, honestidade e esperança. No lugar da fadiga daqui, a jovialidade de lá.
Mas bem poderia ser que aquele taxista não acreditasse em nada do que tinha ouvido. Que provas aquele homem teria para fundamentar as suas palavras? Quem poderia garantir que aquele homem não era um enganador ou um desses contadores de estórias? Sem provas racionais seria um absurdo acreditar. Então seu cliente seria mais um dentre tantos outros que tinha entrado naquele carro. E sua noite continuaria chuvosa, alagada e triste sem esperança de um céu aberto e enluarado.
A diferença foi que ele não somente acreditou, mas já sentiu o prazer de estar encoberto por estrelas. A fé é isto. Não nos é dado o direito de manipular experimentalmente as realidades que povoam nossa fé. Nenhuma escavação ou viagem espacial nos trouxeram “de lá”, sequer um microscópico vestígio que poderia ser analisado em nossos modernos laboratórios de química. Ninguém além do Viajante, nem mesmo aqueles que estão com Ele, estiveram lá e voltaram para nos confirmar a história. Nenhuma celebridade, nenhum cientista ou metafísico, nenhuma autoridade, ninguém.
Fé é certeza sem provas, é convicção sem fatos, é desejo incontido, é seduzir-se por palavras de amor proferidas por um Deus que sussurra em nossos ouvidos: “PARA ALÉM DAS NÚVENS HÁ UM LINDO LUAR”.
Acho que esse dia será mais alegre do que imaginei. Lá fora, pela janela do meu apartamento, a chuva insiste em cair. É feriado, mas não dá praia. Não gosto de shopping e não tenho grana para ir a restaurantes. Mas, sei que para além do dia triste e chuvoso que insiste em fazer dentro e fora de mim, acredito nas palavras de que existe um outro dia ensolarado a me esperar e a me convidar.
Soli deo gloria AFA Neto
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Do aeroporto para casa deu carona em “seu” táxi a um amigo. Enquanto faziam o percurso conversavam sobre a bela noite de luar lá em cima, para alem das nuvens. Quando chegou ao destino do amigo este desceu do carro, se despediram e ele continuou viagem. Foi aí que entrou na história, o taxista. Pedindo desculpas por ter estado atento ao diálogo dos passageiros, quis saber se, de fato, existia mesmo um céu limpo abrigando uma noite enluarada lá em cima. Diante da resposta positiva, veio aquele ar de espanto e gratidão estranhos a quem já se acostumara a tais cenas. No destino, após o devido pagamento da corrida, aquele taxista dispensa um “boa noite” e prontamente completa com um “muito obrigado ao senhor”. Palavras que bem poderiam ser de praxe se não fosse aquele olhar brilhante de quem descobrira algo precioso.
Assim que terminei a leitura me dei conta de que estava diante da mais pura expressão de evangelho que já ouvira nos últimos dias. A boa notícia do Cristo é mais ou menos assim. Alguém que veio lá “de cima” pegou carona em nossa nave terrestre pra nos dizer que por trás dessa realidade marcada por violência, corrupção e desencantos existe outra onde a tônica é paz, honestidade e esperança. No lugar da fadiga daqui, a jovialidade de lá.
Mas bem poderia ser que aquele taxista não acreditasse em nada do que tinha ouvido. Que provas aquele homem teria para fundamentar as suas palavras? Quem poderia garantir que aquele homem não era um enganador ou um desses contadores de estórias? Sem provas racionais seria um absurdo acreditar. Então seu cliente seria mais um dentre tantos outros que tinha entrado naquele carro. E sua noite continuaria chuvosa, alagada e triste sem esperança de um céu aberto e enluarado.
A diferença foi que ele não somente acreditou, mas já sentiu o prazer de estar encoberto por estrelas. A fé é isto. Não nos é dado o direito de manipular experimentalmente as realidades que povoam nossa fé. Nenhuma escavação ou viagem espacial nos trouxeram “de lá”, sequer um microscópico vestígio que poderia ser analisado em nossos modernos laboratórios de química. Ninguém além do Viajante, nem mesmo aqueles que estão com Ele, estiveram lá e voltaram para nos confirmar a história. Nenhuma celebridade, nenhum cientista ou metafísico, nenhuma autoridade, ninguém.
Fé é certeza sem provas, é convicção sem fatos, é desejo incontido, é seduzir-se por palavras de amor proferidas por um Deus que sussurra em nossos ouvidos: “PARA ALÉM DAS NÚVENS HÁ UM LINDO LUAR”.
Acho que esse dia será mais alegre do que imaginei. Lá fora, pela janela do meu apartamento, a chuva insiste em cair. É feriado, mas não dá praia. Não gosto de shopping e não tenho grana para ir a restaurantes. Mas, sei que para além do dia triste e chuvoso que insiste em fazer dentro e fora de mim, acredito nas palavras de que existe um outro dia ensolarado a me esperar e a me convidar.
Soli deo gloria AFA Neto