Um dos grandes prejuízos em nossa aproximação das Sagradas Escrituras é perder de vista que, mesmo sendo Palavra de Deus, ela sempre será um texto. Um texto que foi produzido por autores, algum tempo depois dos fatos ocorridos (em geral, muito tempo) e, como é próprio de todo texto, existe uma intenção por parte de quem escreveu. Até aqui, tudo bem. Mas aí vem um detalhe que escapa à maioria: A intenção não é informar, mas formar; não é jornalístico, mas catequético. Quem escreveu, o fez de uma maneira que pudesse redirecionar as perspectivas, os valores e o modo de viver dos seus leitores/ouvintes. E aqui já está insinuado o tal prejuízo supracitado.
Quem lê a Bíblia para se informar está em completa dissonância com seus autores (ou O seu Autor). Disso decorrem disputas virulentas, descabidas e, porque não dizer, ridículas sobre alegada exatidão científica ou histórica. Dessa postura "consumidor de notícias" que prevalece hoje no leitor da Bíblia, também decorre essa superficialidade no viver cristão. Que lê para se informar não se sente compelido a pautar sua vida de acordo com o que leu. Sabe o que não sabia, alimentou seu banco de dados com novas informações e, pronto. Levanta-se da poltrona e vai tocar a vida como sempre fez. Não é assim que fazemos com as notícias que nos chegam diariamente?
Por outro lado, quem se aproxima do Texto Sagrado desnudo de convicções e aberto à confrontação se alinha ao seu propósito. Não há curiosidade em descobrir, e sim determinação em praticar. Não exclama: "caramba, não sabia disso!!" ou "nunca tinha percebido isso!!". A menos que essas expressões sejam apenas o prelúdio para o que se requer do leitor: "meu Deus, quão distante estou disso. Como faço para viver assim?!!"
Bem, agora é colocar as coisas em seus devidos lugares. Os jornais, os portais de notícias, os blogs, os artigos científicos e este post que lês, te informam. A Palavra de Deus, se bem compreendida e levada a sério, te forma.
Afa Neto