Tenho meditado nos últimos seis meses sobre os oito capítulos finais do Evangelho segundo Marcos. É fascinante e desafiador trilhar o caminho do discipulado seguindo os passos de Jesus nas semanas finais de sua passagem por estas terras. Foi uma caminhada sob a sombra da cruz. Sob essa perspectiva vamos encontrar uma mulher anônima que nos dá um dos melhores exemplos de adoração. Tá lá no capítulo quatorze do evangelho citado. As circunstancias são reveladoras da forma como Jesus se doa ao mundo.
A geografia é longe dos centros importantes da época. É Betânia; não Jerusalém ou Roma. É na periferia dos lugares dos palácios e dos templos; das decisões políticas ou religiosas; da circulação de dinheiro e de bens. É na periferia das nossas cidades ou nos grotões do nosso país que Deus se revela em Jesus.
O hospedeiro é impuro e evitado. Quem come à mesa com Jesus não é o sumo sacerdote ou o líder religioso, mas o homem com o corpo carcomido pela hanseníase. É o Deus que purifica todas as coisas e se dá como cura para os adoecidos.
As atenções são voltadas para uma mulher sem nome, mas com gestos libertadores. É dela que vem a antecipação da cruz tão evitada pelos discípulos em outros momentos. É dela que vem o reconhecimento do Messias através de um gesto reservado aos profetas no Antigo Testamento. Ela unge. E o faz de forma extravagante.
“Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua”.
Tô ecoando esse gesto.