Pensei em escrever algo sobre minhas férias (4 dias) em Aracajú e postar aqui nesse nosso espaço de inquietudes. Os dias passados lá foram muito bons; não tiveram nada de inquietos e perturbadores. Com exceção feita a um ou outro contratempo (a falta de sinalização da cidade e o péssimo humor dos funcionários das barracas de praias) me diverti soberbamente. Aliás, cheguei a sentir saudade de ser tratado com mimos e paparicos pelos barraqueiros daqui. Parece que acabei me acostumando em ser disputado desde o momento em que estaciono o carro até me decidir sobre qual barraca deverá me alojar.
Antes de escrever decidi atualizar minha caixa de e-mail e foi aí que mudei de idéia. Ao abrir um deles (um texto de um tal de Danilo Gentili sobre a infeliz piada feita por Robin Willians a respeito da escolha do Rio como sede dos jogos Olímpicos), resolvi fazer um breve comentário sobre o que li.
Para resumi: Palavras do estadunidense: “Claro
que o Rio ganhou de Chicago a sede das Olimpíadas. Chicago
levou Michele e Oprah e o Rio levou 50 strippers e 500g de
cocaína".
A reação do Gentili foi de total apoio a essa asneira, alegando que as palavras exaram verdades incontestes.
Não quero entrar no mérito da valoração do que foi expresso pelo defensor da cultura sintética dos gringos do norte e provável leitor de Veja; quero salientar algo talvez ignorado.
As mazelas dessa nossa terra são fartamente conhecidas por todos nós e eu (assim como toda pessoa de bem) abomino-as com todas as minhas forças. Mas seria um louco se me recusasse a ver que essa escolha (não tenho nenhum apreço particular por ela) reflete uma mudança nas relações internacionais. Parece que gente séria e de uma leitura conjuntural um pouco mais elaborada, tem olhado o Brasil de maneira diferente da que tem olhado o comediante estadunidense.
O Robins Willians ta no papel dele de defensor da sua herança étnica e cultural. Tenho certeza que ele não ignora o fato de que o seu país promove guerras por pura ganância. Que nessas guerras centenas de milhares de pessoas inocentes são combustíveis para promover o desperdício dos obesos do norte. Aposto que ele sabe que a cocaína traficada aqui é consumida mais lá do que cá. Os capitalistas de lá não aplicaram a lei da oferta e da procura nesse caso. Sem demanda, o negocio vai falir. Certamente ele não desconhece os escândalos morais e financeiros tão bem sufocados pelos governantes etnocentristas da sua nação.
Robins Willians não é burro nem cínico; mas ele ama a sua nação. Sabe que essa atitude pseudo-crítica daqueles que não tem o que dizer mas tem uma necessidade incontrolável de aparecer, não contribui em nada.
Como o comediante estadunidense eu não ignoro as contradições desse nosso país. Mesmo não sendo esse um espaço para leituras políticas da realidade, é só visitar o arquivo do blog para ver que em alguns momentos fiz minhas críticas. Agora preciso afirmar que tenho orgulho de ser brasileiro e que rirei do que for engraçado e repudiarei o que for babaca.
Ah! Em tempo: o Robins Willians adoraria ser motivo de piada contanto que Chicago fosse escolhida em detrimento do Rio de Janeiro. Mas não deu, não é mesmo gringo? Fica prá próxima.
AFA Neto