Nosso ideal de amizade exige um amigo conivente com nossas mazelas e sempre disposto e pronto a nos socorrer com a maior presteza. Os amigos de Deus nunca tiveram nele um amigo que pusesse panos quentes diante das ruindades praticadas. A correção nunca faltou. A Biblia chega a dizer que uma das provas da nossa filiação a Deus é a forma corretiva com que nos trata.
O DEUS DE POUCOS AMIGOS
O CANTEIRO VIROU LIVRO E CD
UM POUCO DE VIDA, POR FAVOR!
Mas, acredite: milhões de produções cinematográficas retratando Jesus desta ou daquela maneira que desagrada os cristãos, não chegará a depor contra o Evangelho na mesma proporção de homens orando agradecendo a Deus pela propina recebida.
O ALOPRADO MAINARDI E O BAHIA CELEBRANDO A TRAGÉDIA
Talvez, a melhor descrição de quem seja Diogo Mainardi, consta das palavras do próprio Martins quando ainda era comentarista político da Rede Globo (2006) como segue: “Um anão de jardim querendo passar-se por um gigante da crônica política”.
Imprevistos e o Sentido da Vida
A geografia do sagrado não converge para os lugares onde se produz o saber. Onde quase sempre transformamos a mensagem do Evangelho em mero conceito. Também não converge para a maioria das igrejas onde se divulga o nome de Deus, freqüentadas por “irmãos e irmãs” presos aos seus projetos pessoais. O “lugar santo” é onde se pode adorar em espírito e em verdade, com sotaque baiano, gaucho ou de qualquer outro lugar e, se possível, regado a lágrimas.
ADEUS AO JORGE REHDER
POR QUE OS PAIS SÃO CHATOS?
Como qualquer outro pai decente, eu sou um chato. Já ouvi essa constatação algumas vezes e devo confessar que, em nenhuma delas, me entristeci. Nunca perdi um único minuto do meu sono me remoendo em busca do porque da minha chatice.
IGREJA: LUGAR DE MORTOS
Na maioria das comunidades evangélicas que conheço a morte campeia por todos os lados. As vidas são sacrificadas todos os dias nos altares que alimentam os deuses da morte.
FÉ DEMAIS...
A experiência com Deus é muito mais aberta e dinâmica do que gostaríamos. Não dá para equacionar as coisas de forma matemática como fazemos com todas as outras situações na vida.
O ELEVADOR E A TRINDADE
Da mesma maneira, no universo “elevatoriano”, para ser pessoa tem que se ter cerca de 80Kg. Admite-se até 60Kg e muito mais que os 80Kg previstos desde que seja um adulto. No elevador a lógica é: vale quanto pesa.
MORRER SEM VIVER
A vida nos fornece pistas dessa passagem dos dias, nós é que nos fazemos surdos para com estes sinais.
E A VIDA? É BONITA?
“Tire o seu piercing do caminho que eu quero passar com a minha dor... O presente não devolve o troco do passado; sofrimento não é amargura; tristeza não é pecado; lugar de ser feliz não é supermercado”. (Zeca Baleiro)
“Tudo que procuramos é ter respostas; mas Deus não nos dá respostas, nos dá a sua presença e nos pede para exercitar a fé e confiança nEle”. (AFA Neto)
DOIS BRASIS
Pois é, se você não sabia precisa tomar conhecimento logo. Metade desse país é terra de ninguém e a outra metade é de um fazendeiro. Metade todo mundo manda e não tem nada e a outra metade uma única pessoa manda e todos pagam aluguel.
Paremos por aqui.
VIDA VITORIOSA AO CUSTO DE R$ 1.500.000,00
Fiquei feliz e apreensivo. Alegrei-me com a boa nova do prolongamento da vida e apreensivo para saber quando isto estará disponível. Pensei: se sobrar para mim uns duzentos aninhos bem vividos, já me dou por satisfeito. Tenho alguns projetos e muitos sonhos e sinto que agora estou em condições de tocá-los com mais maturidade do que quando eles surgiram há quinze ou vinte anos atrás. Começando agora, dentro de cinqüenta anos estaria em plena realização e, então, passaria outros cinqüenta curtindo o que construí. Por via das dúvidas vou a Santo Amaro aconselhar-me com dona Canô.
Em Salvador, neste final de semana, aconteceu a Cruzada Evangelística “Vida Vitoriosa Para Você”. Cerca de R$ 1.500.000,00 gastos na promoção e realização de um mega evento para alimentar esse famigerado triunfalismo cristão.
Uma gigantesca fogueira das vaidades onde ardiam egos políticos e eclesiásticos numa combustão tóxica e inextinguível.Na segunda-feira tudo voltara ao normal. Passados os momentos de êxtase coletivo, todos continuavam “lascados” como antes. Vitoriosos? Alguns. Não exatamente aqueles para quem foi feita a promessa, mas aqueles que lucraram com ela a expensas do desespero de ignorantes e esclarecidos que afluíram maciçamente ao local.
Agora, tentando concatenar as notícias e os pensamentos. Viver mil anos na toada deste estado de coisas pode ser trágico ao extremo. Essa caminhada a esmo de uma massa que não consegue discernir entre a mão direita e a mão esquerda; entre a vitória e o triunfo; entre a boa intenção e a periculosidade dos gestos; entre a piedade e a propaganda; entre a ousadia e a soberba; entre o apelo e a extorsão; é lamentável.
Viver mil anos para que? A maioria, com menos de 5% desse tempo já apresenta os sinais do cansaço existencial. Não tem projeto, não sonha, não vive; apenas sobrevive. Para estes, cada dia que vive não é uma dádiva a ser celebrada, mas uma batalha a ser travada com um desejo velado de tombar. A não existência seduz.
AFA Neto
ALÉM DA PELE
O SENTIMENTO QUE EU TE DEI;
FAZER SENTIR MEU CORAÇÃO
A ALEGRIA DA TERRA QUANDO CHUVA CAI.
QUERO SENTIR EM CADA TOQUE
ALGO ALÉM DA PELE.
PODER TER VOCÊ PELA PRIMEIRA VEZ,
MESMO JÁ TE POSSUINDO.
QUERO REMIR O TEMPO PERDIDO
NUM GESTO DIVINO.
NAS ENTRANHAS DA TERRA
DEUS GESTA VIDA QUE VEM À LUZ.
É O FIM DO CÁOS
POÇA D’AGUA NO CAMINHO
TRAZ ALENTO EM QUEM ESTEVE AUSENTE.
DALI A POUCO É HORA DE COLHER.
A VIDA INSISTE EM ENSINAR A RENASCER
O TEMPO PASSA DIFERENTE PRA QUEM O SENTE NA DISTÂNCIA.
INSENSÍVEL À NOSSA PRESSA.
RESSURREIÇÃO É FORÇA DO MILAGRE QUE A ESPERANÇA ACENDE:
INCENDIADO CORAÇÃO.
A PALESTINA
Houve uma época em que os temas considerados tabus no meio evangélico eram Política e Sexo. Para evitar mal entendidos e conseguir agradar a gregos e troianos, era de bom alvitre evitar estes temas ou evitar o primeiro e ecoar o discurso do meio no segundo. Hoje esses temas não são mais tão impronunciáveis. Como nunca falamos de política, nos tornamos o segmento mais despolitizado da nação e, consequentemente, o paraíso dos políticos sem ideologia e inescrupulosos. O discurso sobre sexo nunca conseguiu ir alem das proibições moralistas e hipócritas dos mais velhos sobre os mais jovens. Consequência: Por completa inaptidão para lidar com a própria sexualidade, jovens de ontem e de hoje viveram e vivem em completa cumplicidade com a mercantilização do sexo em nossos dias.“Nenhuma referencia à dita promessa por um Deus de uma terra sagrada pode
justificar os excessos cometidos por um exercito de invasão e ocupação – nem os
massacres de inocentes a sangue frio, ordenados por senhores da guerra fanáticos
em nome da resistência.” (Breyten Breytenbach – Poeta sul-africano em Carta
aberta ao, então, primeiro ministro de Israel Ariel Sharon- 2002).
Depois do advento do chamado neopentecostalismo, o grande tabu que se estabeleceu na igreja evangélica está relacionado à questão palestina. A ordem é reproduzir a visão da grande imprensa ocidental e americanizada de legitimação dos atos bárbaros de Israel no Oriente Médio. Motes como Terra Prometida, Povo Escolhido, Israel de Deus, Terra Sagrada, dentre outros, são transformados em armas ideológicas para demonizar o povo palestino e sacralizar o judeu israelense.
Na era dos menorás, candelabros e estrelas de Davi, os púlpitos se calam para qualquer denúncia contra as ocupações israelense nos territórios palestinos. Parece que o Evangelho vivido em nossos dias não tem nada a dizer quanto ao fato de Israel ter 5% da população de 1.200.000 da Faixa de Gaza e, no entanto, controlar 62% do território. Parece-nos natural que o “Povo de Deus” drene a água do subsolo palestino e depois venda a este povo massacrado essa água. Seria normal construir estradas muito boas cortando a Cisjordânia e proibir de transitar nelas os verdadeiros donos das terras, condenando-os a enfrentar estradas péssimas e ser humilhados nos postos de controle? O que dizer do fato de que de cada quatro palestino da Faixa de Gaza três são refugiados, expulsos de suas casas por Israel em 1948? Definitivamente, isso me parece anticristão e humanamente criminoso.
Essa questão me perturba há muito tempo e hoje me senti com desejo de escrever motivado pelos textos do livro “Viagem à Palestina” (Ediouro). Apesar dos 7 anos que nos separam dos textos e de não termos mais a figura de Sharon, pouca coisa mudou. Aquele povo palestino continua sendo humilhado, massacrado e vilipendiado. Como os patrões dos Israelenses moram em Washington, esperamos que Obama ajude efetivamente a pôr termo neste banho de sangue.
Deus tenha misericórdia de nós!
AFA Neto
FRAGMENTOS
Depois de toda uma era marcada pela elevação do social à preocupação máxima do ser humano, vivemos um momento de exacerbação do individual. Depois de um tempo de sacrifício dos projetos pessoais, passamos ao mergulho de olhos fechados no lago da individualidade.
O isolamento proveniente dos fatores mais acentuados da nossa época, como a massificação e a reificação do individuo, tem gerado uma massa de solitários acossados por pessoas de todos os lados. Parece que quanto maior o número de pessoas ao redor, mais solitário se sente o ser humano hodierno. Junto com esta sensação de solidão, surge, também, o individualismo, como resposta equivocada do ser solitário à necessidade de sobrevivência. De fato, da solidão, passando pelo individualismo até chegar ao egoísmo, não é um longo caminho. E para consternação dos cristãos, este mal tem destruído a experiência comunitária tão cara para o cristianismo nascente.
AFA Neto
A CABANA: RESENHA LITERÁRIA
Uma irmã de nossa igreja (Helena) já havia me interrogado a respeito do livro publicado pela editora Sextante. Ouvi alguns comentários de colegas e amigos, bem como li, em algum lugar, uma resenha sobre o livro. Prometi a ela que leria o texto e depois trocaríamos nossas impressões a respeito da leitura. Fazia planos de tomá-lo emprestado de um colega, quando o livro chegou à minhas mãos via presente da Helena. É desnecessário dizer que adorei a sua iniciativa e gostaria de recomendá-la a outras pessoas (rsrsrsr). Então, o que se segue é de certa forma um início de conversa com a esposa do Dener e a mãe de Aline e Gabriel e com todos aqueles que querem compartilhar conosco das intuições de William P. Young.
O livro é um best seller e isso depõe contra ele. Imagina-se uma leitura vulgar e de puro entretenimento. Não é. Convenhamos que o norte-americano está longe de um Hemingway, mas a sua perspicácia não pode ser desprezada. O livro é bastante útil e oportuno. Edificou-me bastante e por isso gostaria de recomendá-lo, apenas fazendo algumas observações.
O texto é ficcional, portanto, é nessa perspectiva que ele precisa ser lido. Por conta do descumprimento dessa regra, anos atrás, a igreja sofreu muito com a leitura de outra ficção: Este Mundo Tenebroso do Frank Peretti. Na época, as pessoas começaram a imaginar uma realidade espiritual nos moldes descritos pelo livro. Essa postura chegou ao cúmulo de tomar a fantasia por realidade. Isso nunca deve acontecer.
A Cabana é um texto que nos leva a repensar vários conceitos enraizados em nós a respeito de Deus e da Religião, numa perspectiva profundamente bíblica. O autor procura perpassar alguns dos principais temas da vida com Deus como Trindade, perdão, oração, rituais, etc. Contudo, o que mais gostei no livro foi sua capacidade de tocar em temas atuais e ainda pouco explorados nas igrejas cristãs de cunho mais conservador . Gostei, porque serve de uma provocação ao diálogo.
Só para mencionar, gostei de o autor ter tocado na questão de gênero ao apresentar uma Trindade mais feminina do que masculina, sem se perder no discurso panfletário das teólogas feministas. A personificação patriarcal da divindade tem trazido mais problemas do que soluções.
Outra questão que merece uma abordagem pelo autor está relacionada à ecologia. O texto chama nossa atenção para uma espiritualidade que tem implicações ambientais profundas. O Deus criador é também o dono da criação, e nós somos mordomos/jardineiros desse jardim legado a nós por Ele.
Vale à pena a leitura.
Abraço e que Deus nos abençoe,
AFA Neto
VAGAS PARA PAPAI NOEL
Bem, vejamos: como nossa vida é regida pelas datas do comércio, o Natal tem começado cada ano mais cedo. Isso significa que, logo logo, Papai Noel terá trabalho o ano todo. Estará sob sua responsabilidade providenciar presentes para o dia dos namorados, dia do amigo, dia das mães, dia dos pais e segue-se “ad-infinitum”. Ele precisará ampliar seus conhecimentos do gênero humano, pois as datas propostas atendem a um público diferente daquele do Natal.
Aí surge meu primeiro problema com o anúncio. Para uma tarefa tão árdua e exigente, um Papai Noel com ensino fundamental iniciado não dará conta. Precisaremos de uma qualificação melhor para nossos velhinhos de barbas brancas. Sugiro que as faculdades comecem a montar um curso de graduação para formar Papai Noel. No currículo constarão disciplinas relativas à impostação da voz para capacitá-los a dar aquela risadinha ridícula, além de técnicas de abordagens aos clientes. Em pouco tempo esse será um dos cursos mais procurados e concorridos. A mãe orgulhosa fará questão de compartilhar com as amigas que seu filho se formou em Papai Noel. Mas o maior benefício será mesmo o mercado aberto para pessoas acima dos sessenta anos. O governo certamente apoiará a iniciativa.
Já tinha iniciado minha viagem mental quando me dei conta de que havia algo ainda mais problemático. O anúncio exigia 06 (seis) meses de experiência. Que critério seria usado para mensurar esse tempo de experiência? Será que um Papai Noel que estreou no último Natal já está apto para a função? O último natal ocorreu há mais de oito meses. Ou será que o candidato precisaria ter seis meses de atuação enquanto Papai Noel? Se levarmos em conta que, na melhor das hipóteses, um Papai Noel atua por ano cerca de 1 (um) mês, ele levaria 06 (seis) anos atuando como bom velhinho, para adquirir uma experiência de 06 (seis) meses.
Aterrissei. Vou continuar sacerdote. Tudo bem que hoje quase ninguém acredita mais em bom velhinho e em pastor. Mas ser Papai Noel pode ser muito confuso e não conseguir fugir do ridículo. Pelo menos como pastor tem-se a possibilidade de optar pela decência.
AFA Neto
IGREJA E ESTADO
Não pretendo fazer uma análise do documento nem medir as conseqüências desse gesto equivocado do governo e do parlamento brasileiros. Quero manifestar minha estranheza diante de alguns aspectos do processo.
Quero entender porque um acordo deste, que tem repercussões profundas nos rumos da educação brasileira e desdobramentos na relação das igrejas com as questões trabalhistas e tributárias, não foi discutido com a sociedade? Nestes tempos de escândalos financeiros e morais envolvendo líderes religiosos, tal acordo só serve para suscitar mais e mais interrogações.
No que concerne à educação religiosa nas escolas públicas, creio que deixar passar um texto que reza "católico e de outras confissões" é de uma infelicidade monstruosa. Por que essa deferência ao catolicismo num país multicultural e religiosamente plural como o nosso? Será que a experiência malfadada do Rio de Janeiro de Rosinha Garotinho não ensinou nada?
O acordo Brasil-Vaticano prevê também a manutenção de bens culturais da igreja católica, como prédios, acervos e bibliotecas, tudo com recursos do estado. Agora o cidadão, mesmo não professando a religião católica, será obrigado, indiretamente, a bancar o culto da grei de Bento XVI. Tenho medo que daqui a pouco seja obrigatório o uso da fotografia do inquisidor de Roma em templos evangélicos, terreiros de Candomblé, mesquitas mulçumanas, templos hindus, e por aí vai.
Pode parecer exagero, mas, tenho ojeriza a qualquer indício de atrelamento entre religião e estado. Já havíamos superado isso, pelo menos em tese, com a edição do Decreto119-A, de 17 de janeiro de 1890, que instaurou a separação entre a Igreja e o Estado. Uma das grandes conquistas do estado brasileiro diz respeito ao seu caráter laico muito bem retratado na Constituição.
Pelo visto, na quarta-feira, começamos a rasgar a Constituição.
AFA Neto
IGREJA UNIVERSAL DA REDE GLOBO
Há algumas semanas atrás a Rede Globo veiculou reportagens no Jornal Nacional falando sobre a Ação Social das igrejas evangélicas. Qual não foi a surpresa dos evangélicos ao passar de “perseguidos” a elogiados pela toda poderosa das telecomunicações. Será que a emissora da família Marinho tinha recebido uma revelação divina para tratar os “crentes” de maneira mais amistosa? Será que alguém lá de dentro, com força na estrutura, tinha passado por uma conversão ao cristianismo evangélico e impunha uma nova linha editorial com relação ao segmento? Nenhuma dessas alternativas está correta. Tudo, parece, não passou de uma estratégia comercial. As reportagens visavam ganhar a simpatia de parte do segmento evangélico para evitar uma reação hostil deste mesmo segmento quando perpetrasse o golpe contra a emissora de Edir Macedo. Não dá mais para subestimar o potencial consumidor dos evangélicos brasileiros.
E o que dizer das motivações e ações da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) nesse cenário? Vou responder à pergunta com outras perguntas: o que dizer de uma emissora de TV que cobra quatro vezes mais por hora de programação do que a concorrente, no horário da madrugada, com uma audiência pífia? Quem seria louco de comprar um horário desse, numa emissora dessa, podendo gastar quatro vezes menos, para ter uma audiência várias vezes maior? Resposta: A IURD. Pois é; a igreja de Edir Macedo encontrara uma forma de transferir dinheiro da igreja para a emissora de TV que está em seu nome. Noutras palavras: Essa foi a forma encontrada por Macedo para embolsar o dinheiro dos fiéis.
A safadeza dos espertalhões não encontra limites. Se a IURD arranca dinheiro das pessoas com promessas de Paraíso na terra e capacitando seus obreiros para o golpe; a família Marinho paga suas dividas com o Leão aplicando o golpe do “Criança Esperança”.
De resto basta lembrar que essa gente que professa uma fé que os difere mais do que os assemelha e que recebe o nome genérico de evangélico, agora está sendo visto; está sendo notado. Não como um povo que, apesar das ambigüidades, quer ser respeitado pelo que é e pela fé que professa. Mas como um nicho de mercado. Parabéns!!! você que é evangélico, é agora um CONSUMIDOR.
Aperte o cinto; as disputas pela sua grana, só estão começando.
AFA Neto
RELATÓRIO DE VIAGEM
Quando a viagem reiniciou fomos informados de que havia um problema na pista e, talvez, fosse preciso fazer um percurso diferente que atrasaria a viagem em cerca de uma hora e meia. O nosso motorista não optou pelo desvio e seguiu na rota convencional para alegria de todos nós. A felicidade não demorou a se transformar em decepção, depois em angústia, seguida de indignação, chegando à desolação e, finalmente, em inveja dos companheiros que tinham seguido no “forno” ambulante.
Se um atraso de uma hora e meia seguindo num roteiro diferente do previsto já não é agradável, imagine um atraso de três horas parado numa estrada, noite adentro, com um ar condicionado louco que transformava aquele veículo num pólo sul, sem possibilidade de ler ou assistir algo interessante! Pode parecer fixação, mas a cada dia tenho sido confrontado com a realidade que já mencionei em um texto anterior: “o que é ruim ainda pode ser piorado”.
A chegada prevista para as vinte horas só se deu à meia-noite. Peguei um taxi e grudei os olhos no taxímetro pronto para ordenar a parada assim que ele apontasse a quantia de R$ 20,00 (essa era a grana que tinha na carteira). A corrida deu R$21,60 e pude contar com a generosidade do taxista que fazia sua última corrida do dia e estava louco para chegar em casa, ser recebido pela mulher e fazer aquilo que, em suas palavras, “melhor eu sei fazer”.
Antes de adormecer fiquei pensando: “o que mais falta para ser piorado”?
A atuação de alguns políticos, certamente, entra nessa lista. O descaramento do serviço prestado ao cidadão, tanto pela iniciativa pública quanto pela iniciativa privada, também. A canalhice de líderes religiosos e gurus nunca pode ser descartada.
Pois é; depois de uma semana longe do blog, tô de volta. Próximo texto quero falar sobre disputas religiosas e estratégias de mercado das emissoras de TV no Brasil.
AFA Neto
CORAGEM E COMPROMISSO
“Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela
sua manifestação e pelo seu reino:
prega a palavra, insta, quer seja
oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e
doutrina.
Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo
contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos;
e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fábulas.
Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as
aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério”. (2 Tm 4. 1-5)
Perceba que o texto principia com uma forte expressão de exortação e comprometimento e prossegue nesse tom até o final.
Quero, contudo, pôr em evidência o verso 5 para nossa reflexão. Aqui encontramos 4 valiosos conselhos para o desenvolvimento da carreira cristã em épocas como a nossa de volatilidade dos valores.
1. SOBRIEDADE – “Sê sóbrio em todas as coisas” – o torpor que parece tomar conta de uma sociedade tresloucada, precisa ser repudiado. Urge atitudes sóbrias por parte dos cristãos.
2. LONGANIMIDADE – “Suporta as aflições” – a busca desenfreada, frenética e insaciável pelo prazer em nossa sociedade, precisa dar lugar à capacidade de carregar a cruz de Cristo e orgulhar-se disso.
3. LABOR ESPIRITUAL – “Faze o trabalho de um evangelista” – o culto à produtividade material, somada à completa falta de tempo para as coisas espirituais em nossos dias, precisam ser combatidas e dar lugar ao cultivo da produtividade espiritual.
4. INTEGRIDADE – “Cumpre cabalmente o teu ministério” – na época dos disfarces, da duplicidade e, sobretudo, a época do politicamente correto, é preciso ter a coragem de andar com integridade, intensidade e sinceridade.
NOVOS TEMPOS, TEXTOS RELIDOS.
Não quero me delongar nesse discurso, pois minha intenção não é fazer uma abordagem acadêmica sobre os caminhos da hermenêutica sagrada. Minha pretensão é, tão somente, manifestar a preocupação que tenho com a forma inescrupulosa e/ou ignorante com que se tem tratado textos e personagens bíblicos na “era da religiosidade vitoriosa”. Não há mais espaço em nossos dias para uma religiosidade que comporta o medo, a derrota, o sofrimento, os tropeços, a tristeza e a indignação.
Fiquei surpreso quando contemplei o choro de algumas pessoas em um pequeno auditório enquanto falava sobre o salmo 13. Por duas vezes tive que interromper a fala para orar e tentar conter um pouco a emotividade que insistia em aflorar. Ao conversar com aquelas pessoas sobre os motivos daquela reação, a resposta não poderia ser mais preocupante: “descobrimos que Deus nos dá o direito de ser gente”. A “religiosidade vitoriosa” tinha roubado daquelas pessoas a humanidade. A libertação veio do fato de que Deus está próximo daqueles que vivem digna e integralmente a sua condição humana.
Essa mesma religiosidade do sucesso transformou Jó no paladino da restituição. Curioso é o fato de que o próprio livro sagrado que retrata a saga do personagem, seja um tratado bem elaborado para combater a religiosidade da retribuição. O livro de Jó foi escrito, dentre outras coisas, para lançar por terra a velha concepção de que nossa piedade e justiça constrangem Deus a nos propiciar vidas tranqüilas. Jó é uma eloqüente proclamação sobre as vicissitudes da vida que afetam a qualquer um independente da sua religião. É também uma proclamação de Boa Nova na medida em que fala de um Deus que manifesta todo o tempo o seu cuidado para com aquele a quem ama.
O problema é como entendemos esse cuidado. No caso de Jó, esse cuidado se manifesta na forma de presença suave e discreta da divindade sem, contudo, isentar o objeto amado das intempéries da existência. Quando chegamos ao final da saga do nosso personagem, aquilo que muitos tem entendido como a ênfase maior do livro, ou seja, a restituição da condição inicial de Jó, não passa de um detalhe do propósito principal: Mostrar que nada nem ninguém é mais importante do que descobrir em Deus seu bem maior.
AFA Neto