Saí do trabalho disposto a comprar um álcool em gel e levar para casa. Não consegui. Fui a quatro farmácias e nenhuma dispunha do precioso produto. Parece que o clima de pânico está se instalando entre nós. A gripe suína (Influenza A ou H1N1) ocupa quase todos os espaços da mídia. Se ligo a TV, lá esta o repórter informando dos novos casos e regiões afetadas; se ligo o som do carro, dá no mesmo. Diariamente recebo pelo menos uns cinco e-mails sobre o tema. Nos principais portais da net podemos ver, em letras garrafais, chamadas sobre a pandemia. Parece que a única pessoa que está muito feliz com isso tudo é o Sarney. O terror da gripe tem sido a cortina de fumaça ideal para sustentar o insustentável.
Uma coisa eu posso garantir: quem não está nem um pouco satisfeito com essa onda são os porcos. Os suínos estão mais uma vez em evidência por motivos torpes. Morro de pena deles. Há milhares de anos que sofrem injúrias e difamações de todas as partes. Basta lembrar que nas religiões semitas, os porcos sempre freqüentaram as listas de animais impuros e amaldiçoados. Essa desconfiança passou para boa parte do mundo ocidental via judeu-cristianismo. Agora emprestam seu nome para catalogar uma epidemia que tem assustado muita gente, quando, na verdade, eles são muito mais vítimas do que vilões.
Eu confesso que também fiquei assustado e por isso fui à procura do álcool em gel. Não encontrei e não tinha mais tempo disponível para procurar. Tinha outros compromissos a minha espera. Tirei os meninos da escola um pouco mais cedo e fomos ao cinema assistir o filme do Harry Potter. Acomodados e sob os protestos da esposa que acha os filmes da série uma chatice, começamos a jornada de duas horas e meia que seria frustrante. Em comparação aos primeiros cinco filmes, esse foi disparado o pior. Começou morno, passou a maior parte do tempo frio, alternando para gelado e terminou como comida de hospital: sem sal e sem a menor graça.
Mas, ainda tinha uma esperança para salvar meu dia. Saímos do cinema apressados e fomos ao estádio de Pituaçu para assistir ao “clássico” Bahia X Juventude. Sou torcedor de outro tricolor, mas, sinceramente, a torcida do tricolor de aço empolga. Meu filho mais velho, totalmente desinteressado por futebol, pediu-me para comprar uma camisa do Bahia. Aí eu empolguei. Torci feito louco. Gritei nos dois gols do “Bahêa” e tive a sensação de que seria uma goleada. Pensei: a partir deste dia farei atendimento pastoral em Pituaçu em companhia de Leo. Errei feio. Segundo tempo só o Juventude voltou a campo e empatou o jogo.
Que dia! Voltei para casa sem o álcool em gel, decepcionado com Harry Potter e frustrado com o Bahia. Mas era preciso tirar algumas conclusões. Então, rapidinho:
Quanto ao álcool em gel, é preciso disponibilizá-lo em preços acessíveis e sem tentar provocar na população terror que gere pânico;
Quanto ao Harry Potter, a sensação que tive é que as acnes do Daniel Radcliffe e agregados denunciam que a trama já deu o que tinha que dar;
E finalmente, quanto ao Bahia, bem: a constatação mais obvia que poderia chegar é a de que aquela torcida merecia um time.
AFA Neto
Uma coisa eu posso garantir: quem não está nem um pouco satisfeito com essa onda são os porcos. Os suínos estão mais uma vez em evidência por motivos torpes. Morro de pena deles. Há milhares de anos que sofrem injúrias e difamações de todas as partes. Basta lembrar que nas religiões semitas, os porcos sempre freqüentaram as listas de animais impuros e amaldiçoados. Essa desconfiança passou para boa parte do mundo ocidental via judeu-cristianismo. Agora emprestam seu nome para catalogar uma epidemia que tem assustado muita gente, quando, na verdade, eles são muito mais vítimas do que vilões.
Eu confesso que também fiquei assustado e por isso fui à procura do álcool em gel. Não encontrei e não tinha mais tempo disponível para procurar. Tinha outros compromissos a minha espera. Tirei os meninos da escola um pouco mais cedo e fomos ao cinema assistir o filme do Harry Potter. Acomodados e sob os protestos da esposa que acha os filmes da série uma chatice, começamos a jornada de duas horas e meia que seria frustrante. Em comparação aos primeiros cinco filmes, esse foi disparado o pior. Começou morno, passou a maior parte do tempo frio, alternando para gelado e terminou como comida de hospital: sem sal e sem a menor graça.
Mas, ainda tinha uma esperança para salvar meu dia. Saímos do cinema apressados e fomos ao estádio de Pituaçu para assistir ao “clássico” Bahia X Juventude. Sou torcedor de outro tricolor, mas, sinceramente, a torcida do tricolor de aço empolga. Meu filho mais velho, totalmente desinteressado por futebol, pediu-me para comprar uma camisa do Bahia. Aí eu empolguei. Torci feito louco. Gritei nos dois gols do “Bahêa” e tive a sensação de que seria uma goleada. Pensei: a partir deste dia farei atendimento pastoral em Pituaçu em companhia de Leo. Errei feio. Segundo tempo só o Juventude voltou a campo e empatou o jogo.
Que dia! Voltei para casa sem o álcool em gel, decepcionado com Harry Potter e frustrado com o Bahia. Mas era preciso tirar algumas conclusões. Então, rapidinho:
Quanto ao álcool em gel, é preciso disponibilizá-lo em preços acessíveis e sem tentar provocar na população terror que gere pânico;
Quanto ao Harry Potter, a sensação que tive é que as acnes do Daniel Radcliffe e agregados denunciam que a trama já deu o que tinha que dar;
E finalmente, quanto ao Bahia, bem: a constatação mais obvia que poderia chegar é a de que aquela torcida merecia um time.
AFA Neto