“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.”
Sabedoria popular para expressar algumas situações existenciais. Vez ou outra nos encontramos nestes becos sem saídas, com essa sensação de impotência. Semana passada me vi num desses momentos por conta dos estudos dos meus filhos. Num único dia tinha o início das aulas de idiomas com a presença dos pais, uma aula inaugural de caratê, também com a presença do pai, à noite duas reuniões de pais nas escolas dos meus filhos. Tudo certo se do outro lado não existissem um pai e uma mãe que trabalham o dia todo. Aí começa o dilema.
O discurso da pedagogia, repetido à exaustão pelas escolas e reforçado pela mídia, é de parceria entre a escola e a família. A parceria funciona mais ou menos assim: A família paga uma mensalidade indecentemente cara e em troca a escola massacra nossos filhos com conteúdos técnicos, por vezes inúteis, preparando para um vestibular que ele só passará depois de pagar um ou mais anos de cursinho após o término do ensino médio. A escola inventa programações extraclasses e em troca a família paga para bancar as tais aulas de campo. A escola cria projetos de leitura e em troca a família paga para o filho participar através da compra de livros. Resumindo: a escola inventa e a família paga. Paga com grana e paga com tempo (o que às vezes é mais dispendioso).
Na tal parceria está implícita a presença dos pais em muitas atividades inventadas pela escola, como foi o caso explicitado acima. O discurso é que, se os pais não participarem, a criança pode manifestar uma série de sentimentos ruins do tipo: rejeição (sentir-se-á rejeitada por ver todos os outros pais menos os dela), desestímulo nos estudos (a platéia que a escola valoriza para cada criança é aquela formada pelos próprios pais daquela criança), etc. Imagine a criança dizendo: não vou resolver esse problema matemático, pois meus pais não compareceram à reunião aqui na escola!
O lance é o seguinte: se você pretende ser um pai ou uma mãe parceiro(a) da escola vai ter que trabalhar feito um(a) condenado(a) para bancar tal parceria (a menos que passe num concurso do judiciário, é claro). Trabalhando feito um(a) condenado(a), você não terá tempo para ser um pai ou uma mãe presente. Não sendo presente, você será responsabilizado(a) por eventuais déficit de aprendizagem no desenvolvimento escolar do seu filho. Acontecendo isso, se instaurará uma guerra em casa para saber qual dos dois (o pai ou a mãe) foi o principal culpado por tamanha tragédia. Como ninguém aceitará heroicamente toda a culpa pelo desastre educacional do filho, a única maneira de resolver isso é quantificando a culpa. Numa escala de 0 a 10 qual a responsabilidade do pai e qual a responsabilidade da mãe (o filho tá esperando...)? Pra decidir isso será preciso um conhecimento básico de matemática (cálculo de porcentagem). Acontece que os pais não são corretores da Bolsa e, portanto, já esqueceram como se faz tal cálculo. O filho, desestimulado com a não participação dos pais na sua vida escolar, não prestou atenção à aula que o professor disse: “toda a razão que tem para conseqüente o numero 100 denomina-se Razão Centesimal (blá, blá, blá...)”.
No final das contas você será irresponsável se seu filho se der mal nos estudos (ele é vítima e a escola fez a sua parte!). Se você resolve ser participativo(a) não terá tempo para trabalhar o suficiente para pagar a escola. A escola, por sua vez, não faz parceria com pais duros. Você terá um filho bem ajustado e um grande potencial, mas sem condições de freqüentar uma boa escola. Aí o jeito vai ser tentar a vida nos campos de futebol ou criar uma banda de pagode. Ele terá tudo para dar errado e, sem grana, tentar fazer diferente com os filhos dele(a)...
Não tem para onde correr! Tá ferrado bacana!
Ah! O mapa lá em cima é para quem pretende assistir nosso Show no Boka Music lá na Liberdade no próximo sábado (13 de março). Lá pode entrar pai, mãe, filho, filha, netos e bisnetos, avó e avô, sem traumas... (clique no mapa para ampliar)
AFA Neto
Sinto a mesma angústia, caro irmão.
Um grande abraço e um excelente show!!!!
A questão escola/família torna-se uma equação quase impossível de obter resposta;
Será que eu filei está aula? ou fiquei desestimulado por conta de alguma programação extraclasse que não pude participar?... rsrsrs...
Forte abraço!
JA PASSEI POR ESSE DILEMA TAMBEM PASTOR, MAS VEJA BEM FIZ UMA LISTA MENTALMENTE SOBRE O QUE É REALMENTE PRIORIDADES DISCUTINDO COM AS MENINAS E TENHO CONSEGUIDO APESAR DE ALGUNS EMBATES. SO A GRAÇA PODE NOS AJUDAR NESTA HORA AS ESCOLAS SÃO IMPERATIVAS MUITAS VEZES.........
BETE