Para as culturas calcadas na agricultura o plantio tem propriedades místicas. As esperanças renascem após um longo período de privações e infortúnios, a alegria ressurge transformando fisionomias abatidas em rostos confiantes e os corpos enfraquecidos pela falta de perspectivas recobram o vigor diante da excitante tarefa de plantar. Israel, por ser uma nação agrícola, conhecia essa realidade como ninguém. Tanto é assim que o sábio inclui na lista de fatores que descrevem mudanças comportamentais o “tempo de plantar” (Ec 3.2). Este tempo é rico em sabedoria para quem se deixa ensinar. Senão vejamos:
1. Quem planta investe no amanhã. Não se lança a semente debaixo do chão pensando no grão sepultado, mas, nos frutos nascidos daquele gesto. E estes frutos só virão depois. A tarefa de plantar nunca é um fim em si mesma. Plantar é um meio para objetivar coisas melhores. Se levarmos em conta que a maioria das pessoas envolvidas com plantio em Israel era de gente que pensava na subsistência, plantar era um desafio de acreditar num amanha mais promissor.
2. Quem planta está disposto a renunciar. Quem colheu na safra passada o fez para subsistir. Não há como acumular recursos para o ano seguinte, senão apenas um pouco de semente. Mas a semente é apenas uma parte de uma serie de recursos necessários para viabilizar uma plantação. Portanto, é comum encontrarmos pessoas que chegam a se desfazer de objetos que lhe são caros para colocar o recurso na plantação. Para plantar é preciso renunciar.
3. Quem planta está disposto a depender de Deus. Na lavoura de “sequeiro” (aquela que não lança mão dos recursos da irrigação) tudo é incerto, só Deus pode fazer vingar. O Israel de hoje com seus sistemas sofisticados de irrigação, em nada lembra o Israel conhecido pelo sábio. Naquela época o fator risco era preponderante. A confiança daquele povo estava em Deus.
4. Quem planta precisa de discernimento. Quem lida com plantação sabe que fazer diferença entre coisas aparentemente iguais pode determinar o sucesso ou o fracasso. Selecionam-se as sementes, os solos, as épocas e o cultivo. Em tempos de plantar é preciso selecionar as coisas e discernir entre o que pode ser bom e o que pode ser prejudicial.
Precisamos aprender com a sabedoria dos povos que lidam com a terra se quisermos viver com fidelidade a Deus nestes tempos dinâmicos e desafiadores.
AFA Neto