Sob chuva torrencial alguns poucos irmãos e irmãs ousaram sair de suas casas e chegar à igreja. Assistência reduzida, tudo transcorreu sem grandes aparatos e diria, com sobriedade patente. Confesso que muito me atrai a singeleza no momento da liturgia. Gosto dos aparatos litúrgicos da Igreja Romana com seu simbolismo beirando o onírico e gosto também da dinâmica: músicas, falas, orações e homilia do protestantismo, objetivando a inteligibilidade, Contudo, o que me toca visceralmente é a singeleza das pequenas reuniões. Nelas podemos ver, sentir, tocar e cheirar de uma forma que nas grandes estruturas só encontramos arremedos artificialmente construidos.
O ideal de sucesso e prosperidade que impera hoje no cristianismo de todas as vertentes, sepultou o “cristianismo puro e simples”. Não consigo ver Deus nos investimentos astronômicos para se construir grandes e pequenos impérios denominacionais. Até procuro, mas não consigo enxergar Deus na corrida desenfreada por mais adeptos. Sofro de cegueira quando tento ver Deus na opulência e tirania dos grandes gurus televisivos e daqueles que morrem de inveja deles, querendo ter o que aqueles tem e estar onde estão. Onde estaria mesmo Deus nas disputas por cargos e posições nas autarquias das denominações históricas do nosso protestantismo?
Sei que vai parecer um tremendo absurdo o que vou dizer, mas ainda assim direi: Quanto mais cheias de gente estão as igrejas hoje, mais vazias de Deus elas estão. Não é que haja uma relação direta entre número de pessoas e verdadeira fé. O Cristianismo já nasceu com uma vocação missionária muito forte e a busca por novos adeptos é incentivada nos textos fundadores. Entretanto, encontramos a fé sendo cultivada em contextos comunitários reduzidos. Noutras palavras: muitas pessoas abraçando a fé, em muitos lugares diferentes e se reunindo em pequenas comunidades para o cultivo dessa fé. E não venha pra cá me falar que isso ocorre nos atuais pequenos grupos, grupos de comunhão, célula, ou congêneres. Estes artifícios surgiram para legitimar os desejos megalomaníacos dos líderes religiosos ávidos por poder e subserviência dos fiéis.
Aqui não tenho espaço para discutir o caráter exclusivista destes pequenos grupos. O fato de como eles reunem pessoas com afinidades sócio-econômicas e de cosmovisão. Mas é necessário chamar a atenção para isto. Cuidemos para que tal estratégia de comunhão não venha a ser a negação do caráter inclusivista do Evangelho, e nem um disfarce para a nossa sede de poder e notoriedade.
Penso que o ideal é que cultivemos pequenas comunidades que congreguem as diferenças para nos encontrar como iguais sob o olhar meigo e terno do Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo.
AFA Neto
Pastor Neto,
É sempre bom ser surpreendido pela perspicácia de alguém que está de olhos e coração voltados à beleza da essência do evangelho. Excelente texto.
Um forte abraço
Dárcio Lires.
Rsrs há muito falo que Igrejas (as da nossa denominação) deveriam estabelecer um número a partir do qual se trabalharia uma divisão, visando um melhor proveito dessa vida Evangélica; uma igreja com 600 membros pode muito bem ser dividida em duas de 300, ainda que sejam próximas umas das outras, ou em números menores que esses, mas quem quer perder a pompa da "Igreja mãe", ou o caixa gordo que uma Igreja maior oferece?
Neto,
Se alguém quiser responder suas palavras terá que se esforçar muito para tentar buscar algum contraditório.
Seu amigo Samuel
Assino em baixo!
Deolly.
Domingo também tivemos pouca gente. Aqui no subúrbio a coisa fica bem pior pra muitos saírem de casa nesse tempo. Para melhorar, faltou bateria para o violão, silenciamos a outra (bateria) e cantamos hinos e cânticos à capela. Foi lindo!
Abração compaheiro!
Vigor.
Caros amigos e companheiros do Caminho, essas contribuições só enriquecem nossa singela e passional reflexão. Grande abraço em todos.