Plantar uma árvore, cuidar dela e esperar para, algum dia, poder estender uma rede em seus galhos , estender a mão e pegar um dos seus frutos para saboreá-lo. Romântico, prosaico, sem realismo, ou coisa assim. A verdade é que o futuro desapareceu. Não há mais planos, sonhos ou projetos para o amanhã, assim como não vale mais a pena reservar um lugar na memória para o passado. As coisas se atualizam muito rapidamente e não podemos nos dar ao luxo de cultivar reminiscências. Sem ontem e sem amanhã, sem passado e sem futuro, sem memórias e sem sonhos, sem álbum de fotografia e sem olhar apaixonado para o horizonte, só o agora.
O livro de Bauman “A Arte da Vida” (Zahar Editor) fala sobre as pesquisas de Swida-Ziemba com jovens poloneses e constatação de que os novos jovens não tem passado e nem futuro. As coisas não duram o tempo suficiente para criar memória e o futuro é pura incerteza. Não se tem o primeiro e apostar no segundo é burrice, portanto o que se há a fazer é viver o presente e somente ele.
Desaprendemos a arte de conviver com as incertezas. O pensamento científico nos acostumou a tratar as incertezas como atestados da incapacidade do ser humano e como frutos da ignorância. Acontece que em pleno auge da revolução tecnológica nos deparamos com a realidade mais antiga de todas: a vida é imprevisível. Nas palavras de Zigmunt Bauman: “Não importa o quanto se tente em contrário, a vida se passa na companhia da incerteza”. Os riscos são inerentes ao processo da existência e como não sabemos lidar com eles, nos enclausuramos no presente. É preciso viver cada momento intensamente (entenda-se “prazerosamente”) pois o passado não mais existe e o futuro está entregue aos caprichos do deus Sorte.
Como as Sagradas Escrituras navegam por mares desconhecidos para aqueles que estão reféns do carpe diem in extremis! Abraão, Moises, Davi, Ester, Débora, Maria, Paulo e tantos outros plantaram para outros colherem. O sentido estava em se sentir parte num processo que começou antes deles e sobreviveria após as suas partidas. O morango à beira do abismo era uma recompensa para quem se deixou seduzir pelos sonhos. A beleza está no projeto, na caminhada e na chegada, ainda que eu não ouça os aplausos dos que estarão no fim da jornada. Se alguém descansar à sombra da árvore que plantei, já valeu a pena.
AFA Neto
Irmão A. Neto.
Graça abundante!
Acabei de ler o seu artigo: R%eféns do Agora. Muito bom; serviu para mim, também.
Deus o ilumine, muito mais.
Pr. Ernesto Soares
Pr. Neto,
Obrigado mais uma vez por suas palavras inspiradas e ungidas. Deus o abençoe e à sua família porque nada se perde no reino do Nosso Pai. A árvore que está sendo plantada - que o senhor está ajudando a plantar - crescerá, florirá e frutificará invariavelmente... mas diferentemente do ciclo vital das coisas tangíveis, esta árvore não entrará em senescência e nem fenecerá. Árvore do AMOR é imperecível. É por ele e pra ele que vivemos. A obra do Cristo de Deus é o Amor por excelência.
Mais uma vez obrigado pastor.
Deus o abençoe imensamente.
Parabéns pelo artigo!!!
Muito inteligente e verdadeiro!
Abraços!