A LIÇÃO:
Amar correndo riscos, inclusive o de ser ferido pelo objeto amado. O verdadeiro amor não tem a capacidade de calcular as respostas. Até alimentamos expectativas e fazemos projeções, mas, definitivamente, se amamos incondicionalmente não temos domínio sobre os resultados do amor. Em uma sentença simples: AMOR que mereça esse nome é AMOR ABNEGADO.
A NOTÍCIA: (nota Oficial da Igreja Anglicana)
NOTA DE FALECIMENTO
I- É com grande pesar que a Igreja Anglicana – Diocese do Recife, comunica o trágico falecimento do Reverendíssimo Bispo Diocesano, Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti, e de sua esposa Miriam Cavalcanti, ocorrido neste domingo 26/02/2012 por volta das 22h na cidade de Olinda-PE.
II- A família diocesana agradece a Deus pela vida e devotado ministério do seu Pai em Deus, pastor, mestre e amigo, um verdadeiro profeta e mártir do nosso tempo, que lutou pela causa do evangelho de Cristo, por Sua igreja, bem como pela Comunhão Anglicana, e que contou sempre com sua esposa que, como fiel ajudadora, o apoiou em todos os anos de seu ministério.
III- Partiu para a Eternidade deixando um legado de serviço, amor e firmeza doutrinária, pelos quais essa Diocese continuará.
IV- Oportunamente estaremos divulgando dia, horário e local do seu sepultamento.
Revmº Bispo Evilásio Tenório – Bispo Sufragâneo Eleito
Revmº Bispo Flávio Adair – Bispo Sufragâneo Eleito
Revmº. Márcio Simões – Presidente do Conselho Diocesano.
REMINISCÊNCIAS E REFLEXÃO
Quando os sons da sanfona, da zabumba e do triângulo soavam por todo o nordeste, eu chegava a Recife para começar meus estudos teológicos no SPN (Seminário Presbiteriano do Norte). Era final de junho de 1989 e descia na rodoviária daquela cidade depois de uma longa viagem desde o interior da Bahia. Nem suspeitava que minha vida tomaria rumos que não tinha planejado para ela. Na verdade nunca mais seria o mesmo. Mudei, não sei se para melhor ou para pior, mas mudei; e confesso que não me arrependo das posturas que assumi em decorrência das metamorfoses operadas em minha mente. Mudou o mundo à minha volta porque mudei a forma de pensar. E essa mudança teve embrionariamente a influência de algumas pessoas, dentre elas o Robinson Cavalcanti.
Conheci o Robinson ainda naquele ano de 1989 correndo freneticamente de um canto para o outro como cabo eleitoral do sindicalista do ABC. Não é necessário dizer o quanto ele era mal falado pelas suas posições políticas. Mas as suas leituras do Evangelho não lhes concediam o direito ao silêncio ante as arbitrariedades de uma elite nojenta de então. Foi por esses espaços que passei a me encontrar periodicamente com Robinson Cavalcanti em companhia de outros estudantes para refletir sobre o Evangelho e a Política. Ele, já um respeitado professor de Ciências Políticas na UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) encontrava tempo para nos ouvir e ensinar. A partir daí sempre nutri um carinho muito grande por ele. A sua coragem em assumir posições que chocavam a grei evangélica lhe rendeu um período de execração quando do lançamento do livro “Libertação e Sexualidade”. Até aí, caminhava junto àquele moderador das reuniões modestas em uma pequena sala em Olinda. Mas o tempo e circunstancias outras mudam as pessoas. E não foi diferente com Cavalcanti. Parti para o exercício sacerdotal e anos depois fiquei sabendo que o pastor se tornara bispo e agora era o queridinho de parte do seguimento evangélico que antes o odiava. Passou a ser o defensor da Ortodoxia (como pronunciou um velho amigo seu ao portal G1 o Miguel Uchoa, lamentando a sua morte).
Mesmo mudando como qualquer outra pessoa, Robinson manteve alguns traços que o distinguiram da média dos supostos pensadores cristãos da sua geração. Analista arguto da conjuntura sócio-política, soube fazer a crítica inteligente e necessária do partido ao qual foi filiado e pelo qual lutou. Viu os descaminhos advindos da chegada ao poder (críticas, aliás, das quais compartilho plenamente). Embora preferindo o primeiro Robinson, destaco sua capacidade de amar incondicionalmente. Foi pelas mãos do objeto amado e cuidado que ele veio a sucumbir malvada e covardemente. Foi morto pelas mãos do seu filho adotivo a facadas.
Amou até o fim. E o seu fim chegou porque teve coragem para amar. Amou como Deus nos ensinou a amar, pois Deus nos amou quando nós éramos pecadores.
Muito obrigado Robinson pelos ensinamentos que tive em nossas reuniões olindenses e pelos textos surgidos de sua pena. Seu ministério não foi em vão.
AFA Neto
Nossa,equanto caminhava da faculdade até o ponto de ônibus,ouvi jovens comentado sobre esse trágico crime,mas não sabia que se tratava de um pastor conhecido.Bom,como bem nos ensina o Robson com o seu exemplo,só nos resta orar e amar.O resto é com Deus.Gostei das suas sábias palavara Rev.Neto
Não é assim com a gente também?
Quantas vezes atacamos com nossas atitudes aquele que nos amou até a morte?
Samuel Vitalino
Meu irmão (VISÃO MODERNA), obrigado pelas suas palavras. Vc está correto no que nos resta a fazer.
Meu reverendo e amigo Samuel. Grande verdade esta que dizes. Frequentemente golpeamos o nosso Senhor com gestos, atitudes e palavras.
Beijão
Por AMAR e defendender o verdadeiro amor é que pagamos o preço que Cristo pagou.Porém como o Apostólo Paulo disse que o morrer com Cristo é lucro, que possamos seguir exemplos bons como esse e principalmente de Cristo as consequencias vem, mais se estivermos com Cristo no barco, tudo vai bem.
Missionária Leila Araújo
Meu caro irmão.
Se soubesse escrever como vc, escreveria o mesmo.
A nação evangélica ficou meio órfã. A brasileira mais pobre, e nós que o conhecemos, como menos referências.
Um abraço,