“Estou a dois passos do paraíso” (Blitz). Esta frase compunha parte do refrão de uma música que fez muito sucesso há um tempo atrás. Conheço pessoas que já estiveram mais próximas do paraíso do que aquela descrita na canção. No Evangelho segundo Marcos no capítulo 10 existe a narrativa de um grande proprietário que se apresenta a Jesus como pretendente a discípulo. O texto, equivocadamente conhecido por “O Jovem Rico” (em nenhum registro se fala de uma pessoa jovem), traça o perfil de alguém que tinha quase tudo que qualifica um discípulo, mas não o era. Sua tentativa de adequação é tão convincente que em determinado momento do diálogo com Jesus, este declara: “só uma coisa te falta”. Não era preciso um longo caminho, na verdade aquele pretendente ao seguimento estava a um passo do paraíso.
O quase discípulo tinha disposição a ponto de empreender esforço físico para estar com Jesus. A tragédia dos nossos dias é que os que se dizem seguidores estão tão apáticos que lhes falta a disposição que caracterizou naquele personagem bíblico. Entretanto, mesmo com disposição, esta não era suficiente para fazer daquele homem um verdadeiro discípulo. Conclusão: Todo discípulo tem disposição, mas nem todos que tem disposição são necessariamente discípulo.
O quase discípulo tinha interesse quando questionou Jesus a respeito da vida eterna. Não era uma pergunta retórica ou daquelas que fazemos apenas para manter contato. Era um real interesse em saber o que ele deveria fazer para herdar a beatitude eterna. Hoje convivemos com pretensos discípulos que não demonstram o menor interesse nas coisas de Deus. Estao tão preocupados em agradar aos homens que não tem tempo para perguntar pelas coisas de Deus. Mesmo tendo todo interesse, este não era suficiente para torná-lo um discípulo. Conclusão: Todo discípulo é alguém interessado, mas nem todo aquele que tem bons interesses é verdadeiramente um discípulo.
Outras qualidades poderiam ser encontradas na vida daquele candidato ao discipulado, mas o veredicto de Jesus a respeito dele nos leva a refletir sobre o que qualifica um verdadeiro discípulo. É claro que o texto e nem tampouco uma ligeira interpretação dele poderia nos prover de ensino exaustivo sobre a temática, mas algumas intuições podem ser auferidas aqui.
Um discípulo se faz com interiorização de preceitos e não com seguimento legalista de regras. Mesmo que as regras sejam boas e justas (como o decálogo) se não as tratarmos como preceitos que precisam ganhar corpo em meu corpo e se imiscuir com o meu ser, nada mais serão do que letras mortas.
Um discípulo se faz com a mortificação dos ídolos. Vender tudo o que tinha era um amargo remédio para um grande proprietário, mas é o caminho inevitável para todo candidato ao discipulado. Não necessariamente o desfazer-se dos bens, mas o desfazer-se dos símbolos das nossas idolatrias. Coisas, pessoas, status, lugares, reputação, são alguns ídolos que precisamos deitar fora.
Um discípulo se faz com partilha. Dar aos pobres era o caminho para aquele homem aprender a migrar em direção ao outro. Fazendo a partilha ele tornaria vitorioso o projeto jesuânico de ser solidário para com o próximo. É inadmissível que um discípulo feche os olhos para a necessidade do seu semelhante.
Um discípulo se faz libertando-se do agora. “terás tesouros no céu” pode soar como a proposta mais estapafúrdia para quem esta preso ao presente. Renunciar aos bens desta vida em favor da eternidade é atitude própria de um verdadeiro discípulo.
De tudo, o que nos cabe proferir é: UM QUASE DISCÍPULO NÃO PASSA DE UM MERO SIMPATIZANTE.
A tragédia é que em nossos dias temos uma grande quantidade de simpatizantes se passando por discípulos.
AFA Neto
Será q o nosso personagem bíblico tinha assim tantos bens?
As vezes a pouca coisa ou coisa pequena nos amarramos de modo que estamos a um passo do paraíso mas não entramos efetivamente nele!
Por essas e outras é que hoje em dia também podemos achar muitas "quase igrejas"...
...é preciso desfazer-se de velhos hábitos...é preciso tirar essa nossa capa de "super homem"...é preciso fazer o bem sem olhar a quem, e ainda ficar de olho pra ver se não tem ningém nos observando...e preciso se engajar com o social sem anseios de promoções e elogios...huuuuuuuuuuuuuuuum...
Nosso tesouro esta no céu não é Sr. AFA...valeu pelo toque...certamente passarei adiante...não me falta gente pra jogar isso na lata...
Excelente a mensagem!
Interiorização de preceitos é encarnação, partilha é serviço, e libertar-se do agora é consciência da transcendência/eternidade.
"Basta ao discípulo ser como o seu Mestre e ao servo como seu Senhor" (Mt. 10:25).
Em Cristo, a quem seguimos e servimos!
Reverendo,Parabéns pelo Blog,o conteúdo do mesmo é muito rico. Que Deus através do seu Espiríto continue te dando inspiração e conhecimento para proclamar a sua Palavra, o meu desejo sincero é que você seja cada dia mais usado pelo Senhor Para abençoar o seu povo rica e abundantemente. Um Grande Abraço!