É com esta expressão que a epístola aos Efésios inicia sua última sessão e carrega um significado exatamente diferente do que sugere (Ef 6. 10 a 20). Somos tentados a pensar que a palavra “finalmente” usada no final de uma carta denota um adeus ou algo parecido. Algo do tipo “finalmente concluí tudo que tinha para dizer e fazer”. Contudo, essa expressão aqui serve para estabelecer uma transição, uma passagem de ciclo. O autor depois de esclarecer verdades e transmitir princípios, entende que seus leitores devem se encarregar de criar a nova realidade idealizada por ele e por Deus.
Aqui entendo que esta sessão é muito sugestiva para nosso momento de final de ano e início de um novo ano. Ela nos ajuda a desmistificar algumas attitudes tidas como geradoras do novo e nos orienta na busca de posturas verdadeiramente comprometidas com a gestação de novas realidades.
Primeiro devemos ser confrontados com o intuito de nos livrar de supertições enganadoras e paralizantes muito comuns nesta época do ano. São elas:
a. Boa Vontade somente não produz o novo. Ainda que devamos ter boa vontade em tudo que fazemos na vida, é preciso entender que discursos do tipo “com boa vontade tudo se resolve” não encontra correspondência com a realidade. Na melhor das hipóteses, boa vontade, só conseguirá produzir resignação.
b. Pensamento Positivo somente não produz o novo. Sei da importância de uma atitude otimista para ajudar a tocar as coisas, mas tambem sei que ela não tem o poder de gerar uma nova realidade. Palavras ditas como mantras para elevar o “astral” quase sempre geram expectativas falsas e nada mais.
c. Doutrina Correta apenas não produz o novo. Não desmereço a importância da ortodoxia, mas sei que ela, além de não garantir empenho na construção de um novo mundo, ainda tem tido a terrível capacidade de gerar preconceitos. É importante buscar um pensamento correto a respeito das coisas, mas é preciso ir além para produzir uma sociedade diferente da que temos.
d. Boas Ações somente não produzem o novo. Se a ortodoxia sozinha é ineficaz, o mesmo precisa ser dito da ortopraxia. Estou convencido que pessoas atuantes e benevolentes são muito importantes na nova realidade sonhada por Deus, mas sei que elas não são os agentes catalizadores desta mudança. São úteis e providenciais “carregadores de pianos”. Não são os artístas criadores.
Sendo assim, como podemos nos colocar neste momento da nossa história para sermos participantes ativos na construção de um novo mundo? Dito de outra maneira, como podemos ser sujeitos do Reino de Deus? Aqui agora, sou devedor totalmente ao texto citado acima. Vejamos:
1. É preciso buscar a Força e o Poder do Senhor para produzirmos algo realmente novo. Só Deus, o criador de todas as coisas, pode nos dinamizar para que nos tornemos artifices de uma nova realidade. Por isso o autor da carta nos diz para que busquemos a “força do Senhor”.
2. Encarar a Vida com Realismo Esperançoso pode nos tornar agentes construtores de um novo mundo. Perceba que o texto nos conclama para uma Guerra não para um piquenique. Eis o realismo. Mas note que em momento algum o discurso é lúgubre. Pelo contrário, apesar da luta a vitória é celebrada como certa.
3. Não podemos nos esquecer de cultivar o Discernimento. “A nossa luta não é contra carne e sangue…” diz o nosso autor. Só um verdadeiro discernimento pode nos ajudar a separar os agentes envolvidos na luta e nos dizer quem é inimigo e quem é aliado. Caso contrário, estaremos lutando contra aqueles que, como nós, estão trabalhando na construção de um novo mundo.
4. Se estamos em luta, precisamos empunhar Armas para lutar. É com esta intenção que o autor desfila um verdadeiro arsenal bélico diante de nossos olhos. Importante, porem, é saber usar as armas para construir e não para promover a destruição e a violência.
5. Por fim, o texto nos conclama àquilo que chamo de Espiritualidade Generosa. O Autor finaliza conclamando os cristãos em Éfeso para orarem po si próprios, pelos outros e pelo apóstolo/autor. Essa é uma prática devocional que não deixa margem para o egoismo. Livrou-se da lógica “caminhando vou para Canaã, se voce não vai não me impeça ir.”
“FINALMENTE” amigos e amigas, chegamos mais uma vez às portas de um novo ano com a oportunidade de fazermos diferente do que fizemos até aqui. Peço-lhes por tudo que lhes é mais sagrado, que não descansem na certeza de que o Céu lhes aguarda. Que Deus não nos deixe pregar os olhos um só dia deste novo ano, enquanto não arregaçarmos as mangas e atendermos o chamado dEle para assentarmos tijolo sobre tijolo na construção do seu Reino.
FELIZ 2013,
AFA Neto
Como sempre, sábias palavras que nos fazem refletir e que nos convoca a deixarmos a contemplação e partirmos de fato, para a a ação.
Que o Senhor continue lhe instrumentalizando na vocação que tens.
Diana